A mãe que não é centro

Eu não vim para ser o centro da vida da minha filha.
Vim para ser portal.

Não sou base, nem destino.
Sou passagem.
Sou referência viva de como é possível ser inteira, mesmo quando se está em pedaços.
Sou uma lembrança encarnada de que a fragilidade não precisa ser negada.
Ela pode ser transcendida .

Não vim para protegê-la do mundo.
Vim para mostrar como permanecer de pé quando o mundo balança.
Como respirar quando tudo aperta.
Como voltar para si quando tudo parece perdido.

Minha filha não precisa da minha força.
Ela precisa da minha verdade.

Porque quando eu tento ser forte o tempo todo, ela aprende a esconder a própria dor.
Mas quando me vê me entregar ao choro e emergir em presença,
ela descobre que existe algo dentro dela que também pode se reerguer.

Eu não sou a heroína da história dela.
Sou um espelho.

E mesmo que por vezes eu deseje poupá-la,
ela veio para ver a vida como ela é — e não como eu gostaria que fosse.
Ela não precisa de uma mãe perfeita.
Precisa de uma mãe inteira.

Inteira é quem não precisa parecer luz o tempo todo.
É quem não teme a escuridão.
É quem se aceita humana e, por isso mesmo, acessa o divino.

Eu não quero que ela dependa do meu bem-estar para florescer.
Quero que ela confie na própria luz.
Que ela sinta Deus como centro.
E que me veja como um ponto de passagem por onde essa luz também pode brilhar.

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