A palavra ingenuidade muitas vezes é compreendida como uma virtude. É tão bonito quando uma pessoa não vê maldade nas coisas, não é mesmo? Afinal, se ela não vê maldade no outro é porque ela não tem maldade em si.
Mas a realidade sobre o ser humano é um tantinho diferente. Todos nós estamos aqui nesse plano e todos nós temos maldade. Alguns a encobrem muito bem usando uma máscara de bonzinho/boazinha. Outros reprimem sua maldade não permitindo que ela se transforme em atos e palavras. Porém, nenhuma dessas soluções faz ela deixar de existir. A maldade que há em nós só pode ser combatida com o toque da consciência.
A criança é ingênua por natureza. À medida que vai crescendo, vai conhecendo mais sobre a vida e vai aprendendo as consequências das coisas. Essa ingenuidade também pode ser chamada de inocência.
Mas para os adultos, as coisas deveriam ser diferentes. Nós já sabemos as consequências possíveis de um ato. Se eu me relaciono, esse relacionamento pode acabar. Se alguém combina algo comigo, essa pessoa pode mudar de ideia. Se eu empresto dinheiro pra alguém, essa pessoa pode não me pagar. No entanto, é tão mais fácil não analisar racionalmente as opções e, caso alguém falhe no óbvio, tem-se a quem culpar. A culpa é 100% do outro, certo?
Mas QUEM CUIDA DE MIM? Oras, se eu não sou capaz de me cuidar, adulta que sou, quem irá fazê-lo? Quem irá me defender dos problemas do mundo?
Portanto, o melhor cuidado que posso dar a mi mesma é já estar preparada para o que pode acontecer. Se eu me relaciono com alguém e o outro me deixa, eu já sabia que isso poderia acontecer. Fico triste? Sim, isso não me impede. Mas lá no início, quando eu escolhi me relacionar, eu escolhi correr o risco.
Se eu escolho emprestar dinheiro alguém, é prudente que eu não precise desse dinheiro. Afinal, se essa pessoa te pede dinheiro hoje, PODE SER que ela não tenha tanta habilidade com dinheiro e possa faltar no compromisso também. Esse risco deve ser avaliado na hora da decisão do empréstimo.
Ou seja, não tem choro nem vela. Se a pessoa não te pagou, não adianta xingar e espernear. O rombo você que vai pagar. E esse é o preço por você não ter sido sensato, analisado os riscos, ter tomado a decisão consciente do que poderia acontecer e se preparado para todas as hipóteses.
Se você quer viver o friozinho na barriga de se apaixonar, ter aquela companhia gostosa do sábado à noite e um abraço quentinho nas noites frias, já se muna da consciência de que o outro é livre, pode mudar de ideia e ir para onde quiser. Se não quer passar por essa dor, acha que não vai aguentar, então não saia de casa e se proteja de conhecer qualquer pessoa interessante.
Depois não vai adiantar colocar uma faca no pescoço pra pessoa continuar com você, não vai dizer que “eu dei minha confiança” e essa pessoa quebrou. VOCÊ escolheu dar. VOCÊ escolheu confiar. Provavelmente a pessoa que quebrou sua confiança te deu inúmeros indícios de que não era confiável e VOCÊ escolheu não olhar em nome da sua INGENUIDADE.
Sejamos responsáveis pelos nossos atos e nossas escolhas. SEMPRE HÁ ESCOLHA.