O amor que começa quando eu me escolho

Nos últimos tempos, venho ouvindo o silêncio das entrelinhas da vida.
Aquele que fala através de pequenos gestos, de um olhar que pesa, de uma palavra que não chega — e, ainda assim, diz tanto.
Percebi que o universo não grita; ele sussurra. E, nesses sussurros, revela com doçura onde ainda aceito menos do que mereço.

Durante muito tempo, confundi amor com compreensão irrestrita.
Achei que amar era sempre entender o outro, ceder, acolher.
Mas descobri que há uma fronteira sutil entre compreender e me abandonar.
Essa fronteira é o limite — o contorno invisível do respeito por mim.

Às vezes, o aprendizado chega em forma de desconforto.
Um gesto pequeno, uma sensação de desalinho, e o corpo já avisa:
“aqui, você está se diminuindo para caber”.
O corpo sempre sabe. Ele pressente quando o coração tenta justificar o injustificável.

E foi assim que entendi que o posicionamento também é uma prece.
Dizer “isso não ressoa pra mim” é honrar a vibração que me habita.
Encerrar um ciclo não é um ato de rejeição — é um rito de amor próprio.
É dizer ao universo: “estou pronta para me tratar com o mesmo cuidado que ofereço aos outros.”

No início, vem o medo. O medo de decepcionar, de parecer dura, de perder vínculos.
Mas, com o tempo, percebo que o que se perde não é amor —
são apenas versões antigas de mim, moldadas pelo medo da rejeição.

Agora, o caminho é mais simples: escolher relações que respiram,
que não testam, mas acolhem; que não drenam, mas nutrem.
Relações onde o amor é livre, e o respeito é natural.

Hoje sei: o amor verdadeiro começa quando me escolho.
Quando não fujo do desconforto, mas o escuto.
Porque ele é o primeiro sinal de que algo dentro de mim
finalmente está despertando — e pedindo espaço para florescer.

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