Quando iniciei no autoconhecimento, eu não sabia muita coisa sobre mim.
Bom, eu achava que sabia, mas não sabia.
Fui descobrindo tanta coisa… umas bem desagradáveis, mas estranhamente elas me traziam paz, porque me permitiam ver o porquê das coisas serem como são.
Comecei a fazer terapia regularmente e, a cada sessão, mais eu concluía que eu não sabia de nada mesmo!
Depositei minha confiança na minha terapeuta e fui deixando ela me guiar. Foi uma excelente escolha, embora o que ela fizesse era me ajudar a entender o que eu queria e o que meu coração dizia. (Quando digo coração aqui, é o Eu Superior, e não o coração machucado que recria feridas).
Fui estudando, mergulhando em mim e dando um passo após o outro.
Certo dia, numa vivência de ayahuasca, eu vivi uma cena linda.
Eu me encontrava com meu Eu Superior e ele me dizia: “Está na hora de você se tornar sua própria mestra.”
Eu relutei. Tinha medo de confiar em mim mesma. Tinha medo de acreditar que eu podia guiar minha própria vida. Eu dizia: “Mas eu ainda preciso da Dalkires (minha terapeuta)”.
Meu Eu Superior retrucou: “Ela poderá continuar te auxiliando, mas você já está pronta para ser a sua maior autoridade e dar o comando final.”
Fiquei ali por uns instantes internalizando tudo aquilo, sentindo o medo, respirando os próximos passos que estavam surgindo. E foi.
Desde aquele dia, fiquei mais atenta a ouvir a voz da minha intuição. Fui calibrando os ouvidos da alma. Algumas (muitas) vezes eu ainda ouvi com ruídos e isso serviu de aprendizado.
É exatamente assim, errando, que a gente vai aprendendo qual é a voz da intuição e qual é a voz da mente, que costuma ser muito influenciada pelo medo e outras emoções.
Hoje, tenho ouvidos para todos. Tudo o que me dizem, me ensinam, estou aberta para aprender, reconhecer onde estou errando, reconhecer que ainda não sou a melhor versão e que posso crescer.
Mas sempre que isso acontece, é um exercício separar a mensagem do outro, sentir aquilo na minha própria história, isolar as emoções do outro que estão implícitas na mensagem (e muitas vezes é a partir do medo) e então me coloco como minha mestra e decido o que fazer com aquilo.
Ser mestre de si mesmo é extremamente libertador. Mas para isso é preciso se autorresponsabilizar por cada escolha feita, mesmo que a sugestão tenha partido de outro alguém.
Quem faz a escolha sou eu, quem vai viver as consequências dela sou eu. Se a decisão trouxer consequências desagradáveis, o outro está livre de culpa.