Às vezes a vida nos pega de surpresa frustrando todos os planos que fizemos.
Juramos que estamos indo numa direção e de repente, tudo muda e a gente se sente arrastado para outra completamente diferente e que, muitas vezes, não nos agrada.
Coisas que estimávamos finalizam, pessoas vão embora, negócios se encerram, relacionamentos acabam.
Dá até uma sensação de que Deus está de sacanagem com a gente.
Estou começando a sair de uma fase assim, quando fui chamada pro retorno do trabalho presencial na minha outra função.
Em home office, eu conseguia alinhar as duas coisas (ou três): o lado autoconhecimento (atendimentos, grupos, postagens, curso), o lado funcionária e o lado mãe. É claro que não podemos achar que é só isso, porque ainda tem o lado dona de casa, que faz compras, que organiza, que resolve as burocracias e a gente tem que achar tempo para tudo isso!
De repente me vi limitada, ou melhor, encurralada. Minha primeira reação foi aceitar. Eu já sei que é isso que tenho que fazer. Aceitei e me adaptei. Decidi fazer apenas o que dava conta e não me cobrar pelo que não dava.
Mas com o passar dos dias foi chegando o que estava por baixo da aceitação: frustração, cansaço, irritação, impaciência, desgosto pela vida.
Pra continuar fazendo o que gosto, me desdobrei, comecei a atender em horários terríveis pra mim, como às 7h da manhã ou às 20h da noite e até na minha hora de almoço, engolindo a comida em 5 minutos. Alguns dias eu trabalhei mais que 14 horas e eu fui dormir exausta.
Eu tenho consciência que tenho ultrapassado meus limites, mas uma coisa extremamente dolorosa para mim é deixar de fazer o que eu vim fazer no mundo. Se eu realmente precisasse deixar de atender, o brilho no meu olhar se apagaria. É o preço que eu escolhi pagar.
Eu não tinha muita escolha e claramente analisei como fui parar nessa situação. Acabei percebendo escolhas “erradas” lá atrás. Fiz investimentos que não prosperaram, corri riscos naturais que todo empreendedor corre e que não me deram os resultados esperados, o que me fez ficar atada e precisando do tal emprego.
Quando digo que são escolhas “erradas” entre aspas, é que eu não vejo nada como errado. Porque a vida não está na chegada e sim no processo.
O quanto eu cresci, quanta coisa eu aprendi com isso tudo! Quantas dores encontrei dentro de mim e pude purificá-las. Estou conseguindo com louvor, embora eu saiba que ainda há muito chão.
Sempre que passo por momentos assim, onde parece que um tornado aconteceu, eu sinto e analiso. O que isso quer me ensinar? Percebo tudo que está acontecendo comigo, como os sentimentos e como as coisas externas vão se adaptando ao meu sentir.
Me percebi, pela primeira vez, fazendo escolhas a partir do que eu gosto! Eu, uma pessoa que está há anos arrancando camadas de adequação, aquelas que me dizem como eu devo ser para agradar os outros. Meu grande desafio é ser eu mesma e eu vou confessar para vocês:
AINDA ESTOU ME ENCONTRANDO.
Estou vivendo mais uma fase de descoberta. Onde aquilo que não consigo abrir mão vai ficando claro que é algo que eu me importo, que faz parte da minha paixão.
Novos planos vão surgindo, novas direções vão se abrindo. Vai ficando mais claro o que não quero e, juntamente com isso, o preço a ser pago. Afinal, toda escolha tem perdas e ganhos e precisamos assumir a perda para avançar pro ganho.
Me lembro do essencial para fases assim: SABER MORRER.
Tudo é impermanente na vida e até aquilo que imaginamos não conseguir viver sem, algum tempo depois percebemos que trouxe bons frutos ao sair da nossa vida.
A vida nos surpreende. O velho dá lugar ao novo. Por que temos tanto medo do novo?
Mais um aprendizado que sempre trago a mim mesma: quando aceitamos genuinamente o que quer que seja: sentimentos, perdas, partidas, situações,
a vida nos abraça e organiza tudo para nós. Ela nos ACOLHE.
Essa fase de morte precisa ser vivida com consciência, presença e aceitação.
Vivê-la reclamando, achando que isso é injusto, se sentindo vítima, só a faz perdurar e traz mais sofrimento.
Sei que muitas pessoas estão vivendo momentos assim, estamos em intensa transformação coletiva. Minha partilha hoje é com intenção de te acolher, caso você esteja se sentindo parecido(a).
Logo logo tudo isso passará. Outros desafios virão. Que a gente possa hoje ter muita sabedoria nas atitudes que tomamos!
Um grande e forte abraço…
Danielle 🌹