Sobre ser muleta e impedir o crescimento de quem a gente ama

Os sistemas familiares costumam ter uma complexidade maior no que tange as relações humanas.

Isso se dá pelo nível de envolvimento emocional, de intimidade e de afeto.
Quanto mais amamos, mais nos sentimos machucados pelos conflitos inerentes a esse tipo de relação.
Muito comum de acontecer é acabarmos sendo apoio de alguém em alguma área onde essa pessoa precisa crescer e amadurecer. Quando isso acontece, podemos ver claramente onde o outro está fazendo más escolhas. Geralmente não quer mudar, não quer aprender, quer permanecer onde está. Esse terreno é fértil para a acomodação e costuma ser chamado de zona de conforto.

Mais comum ainda é o sentimento de insatisfação desse que está sendo muleta para outro e se sente completamente bloqueado e incapaz de retirar a ajuda, pois isso carrega consigo o medo de deixar de ser amado também.
Tendemos a ver o amor como uma sucessão de SIMs,  como a submissão ao desejo do outro. Mas não costumamos fazer uma análise do quanto esse “suporte incondicional” pode ser nocivo em vez de ajudar, visto que não permite seu crescimento.

Ficar engessado nesse lugar traz consigo uma dose de desrespeito contra si mesmo, de não ouvir suas próprias insatisfações, não atender suas necessidades, não ouvir sua intuição, não seguir o seu coração: por puro medo do enfrentamento de se dizer NÃO. E você ainda se torna patrocinador do atrofiamento do outro. Tornando-o incapacitado de crescer. A dificuldade promove o crescimento, que, às vezes, só é possível assim.
E não vou mentir: a chance desse amor “ser retirado” é muito grande. Mas pode passar.
Há que se ter força, determinação e segurança de que amor também precisa ser firme. Que às vezes um NÃO é mais amoroso que um SIM acovardado.
E eu te pergunto: vale à pena ser amado pelo que você oferece ou você quer ser amado pelo que você é?

Essa é uma dura escolha que em algum momento precisa ser feita para se abrir para a chegada do amor mais maduro e mais sincero em nossa vida.

danielle.carneiro@gmail.com