Você também precisa olhar para o ciúme e as traições assim

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Olá!

Há anos e anos vem acontecido de forma repetida na minha vida ocorrências de ciúmes e traição.

Eu poderia simplesmente afirmar: sou ciumenta e pronto. E a cada traição, eu troco de parceiro e sigo a minha vida.

Mas para nós que fazemos uma caminhada de autoconhecimento e autotransformação, essas repetições são um indício de que há algo a ser transformado.

E sim, há cura!

É possível mergulhar dentro de mim, encontrar os porquês e virar a chavinha que faz com que esse sentimento tão doloroso que é o ciúme deixe de me incomodar.  E também é possível mudar meu padrão completamente e passar a atrair parceiros(as) que são fiéis e viver o relacionamento dos sonhos.
É por isso que eu venho trabalhando essa questão em mim há anos!

Às vezes, algumas questões em nós são tão profundas que demora tempo mesmo. A dor que tem por trás é tão grande que precisamos senti-la aos poucos, pois do contrário não aguentaríamos.

Mas o fato é que há pouco tempo eu comecei a ver as coisas de forma tão mais clara que eu decidi escrever esse texto pra te contar tudo o que descobri dentro de mim e que me levava a viver esse tipo de situação.

Então vamos lá. Puxa uma cadeira e pega um cafezinho.

Quando eu tinha 19 anos, eu conheci um cara por quem me apaixonei perdidamente. Acho que foi o meu primeiro amor.

Eu era tão inocente naquela época! Eu acreditava que ele gostava de verdade de mim e, depois de 1 ano de namoro, descobri que ele me contou muitas e muitas mentiras.

Ele era meu namorado, mas não me apresentava pros pais porque dizia que ele já tinha sido noivo e que a mãe dele tinha uma amizade muito próxima com a ex-noiva e vivia tentando fazer com que eles voltassem.

Mentira! Ele tinha outra namorada. Vivia uma vida dupla.

Durante esse 1 ano de namoro, teve muitos episódios onde eu fiquei triste porque eu não podia estar com ele (reveillon, natal, aniversário, etc) e eu tinha caído que nem um patinho nessa história.

Mas quando eu contava pros meus amigos, todos me olhavam com aquela cara de que eu tava sendo enganada e só eu não via isso.

Desmascarei o cara, mas eu gostava tanto dele, tanto, que ainda mantive o relacionamento por mais 2 anos.

Pausa aqui pra gente comentar o quanto eu gostava mais dele do que de mim, né? Afinal, se eu me mantinha com uma pessoa que tinha mentido tanto pra mim, tava faltando muito amor próprio.

Os outros dois anos que passei com ele, posso considerar que foi quando desenvolvi o meu ciúme (mas ele já existia em mim e você vai entender isso ao longo do texto).

Eu passei 2 anos com ele desconfiando, invadindo sua caixa postal do celular (é o que dava pra fazer na época) em busca de provas de que ele estava me traindo novamente (e tava) e eu sofria muito! Minha vida era um inferno e eu me sentia presa a essa situação.

Eu tinha muita vergonha de sentir ciúmes. Eu me cobrava de ser uma pessoa segura e bem resolvida, mas essa não era a verdade.

E eu demorei muito tempo pra ter CORAGEM de entrar em contato com as inúmeras mulheres que já peguei deixando recado pra ele e perguntar se eles tinham alguma coisa.

Ou seja, meu sexto sentido me dizia que tinha algo, mas eu não tinha provas. Então eu NÃO ME DAVA O DIREITO de saber a verdade e tudo por que eu sentia desprezo pelo meu sentimento e achava que eu não devia sentir aquilo.

Esse foi um dos grandes insights que só hoje consigo enxergar melhor.

Um dia, eu tive coragem e liguei pra moça. Ela me humilhou (claro, atraí alguém que pensava como eu). Disse que era ridícula essa minha insegurança e que eu devia conversar com ele e não com ela.

Em menos de 1 hora ele me ligou, me humilhou também (disse que era uma amiga da irmã dele e que estavam todos rindo da minha cara em sua casa) e terminou o namoro comigo.

Foi DI-LA-CE-RAN-TE.

Nesse dia eu fui para o fundo do poço e isso foi importantíssimo, pois só assim eu consegui sair de vez dessa situação.

Enquanto eu não cheguei lá no fundo, parece que eu ainda tinha fôlego pra continuar sofrendo.

Acho que ele esperava que eu ficasse no pé dele. Mas eu aceitei o término, peguei o resto de dignidade que me sobrava e toquei minha vida.

Ele me procurou pra voltar, mas eu realmente tinha chegado ao meu limite e nunca mais teve volta.

Eu não vou te contar todas as histórias de traição que vivi, pois isso daria um livro. Eu te contei essa com mais detalhes porque eu acho ela importante pra mostrar como tudo aconteceu.

Depois disso, algo estranho aconteceu. E eu só consegui ver isso 10 anos depois:

Eu fiz um movimento de pêndulo na minha vida, que é quando a gente sai de um extremo e vai a outro. Como vivemos num mundo dual, esse movimento é normal e importante para que encontremos o ponto de equilíbrio.

Eu passei a me relacionar com homens bonzinhos e fiéis. Só que nenhum deles arrebatava o meu coração como esse que me traiu tanto.

Depois de um bom tempo eu comecei a praticar o autoconhecimento. E precisou de mais alguns anos pra eu perceber que eu estava fugindo daquele tipo de homem e que, na verdade, eu tinha algo a aprender com aquela situação que eu ainda não tinha aprendido.

Eu sou me dei conta disso quando percebi que um rapaz que estava interessado em mim me causava um medo estranho. Vi que ele era diferente do padrão dos meus últimos namorados. Aí eu entendi que ele era similar a esse meu namorado dos 19 anos e que eu nunca mais tinha me relacionado com alguém assim.

Entendi que a vida estava me fazendo um convite e decidi encarar esse relacionamento, que acabou sendo um dos mais dolorosos que já vivi.
(Assista a essa história nesse vídeo que gravei).

Dessa vez, nesse relacionamento, como eu já praticava autoconhecimento, eu sabia que toda dor que o outro provocava em mim, era, na verdade, eu que estava atraindo e que tinha uma oportunidade de cura e aprendizado.

O sentimento por esse rapaz também era muito forte, arrebatador. Logo começaram os problemas de traição.

Doía muito ser traída, mas doía igualmente ficar sem ele. Eu me vi sem saída.

Decidi mergulhar fundo na questão para curar dentro de mim essa parte que me colocava nessa situação optando por não me separar.

Nessa época, eu também sentia um autodesprezo pela minha insegurança e meu ciúmes. Eu me cobrava que eu sentisse diferente, que eu fosse uma pessoa que não me importasse com isso.

Eu não tinha a menor condição de imaginar que, de acordo com o comportamento dele, eu tinha todo direito de me sentir assim.

Eu me rejeitava e achava que não podia cobrá-lo, afinal, ele era livre e podia fazer as escolhas dele. E se eu tinha ciúmes, eu era possessiva e estava limitando sua vida.
Ou seja, eu tirava toda a responsabilidade dele e fazia um autoflagelo muito cruel.

Bom, esse tipo de situação ainda se repetiu muito na minha vida. Sinceramente, se eu tivesse lido uma história como essa hoje, eu teria feito diferente, pois o que vem a seguir são os insights mais profundos que eu aprendi sobre tudo isso.

Com o tempo fazendo o meu trabalho de reforma íntima, fui aprendendo a ouvir mais meus sentimentos, acolhê-los e me amparar.

E então eu fiz uma pequena mudança nesse padrão quando ele voltou a se repetir:

Passei a dizer para o companheiro quando eu sentia ciúmes. Eu o procurava dizendo que uma dor em mim tinha sido ativada, contava o que eu estava sentindo e pedia para ele frear a intimidade com uma ou outra pessoa, até que eu pudesse estar em paz com essa situação.

Vale ressaltar que eu não fazia isso sem dor, pois um pensamento muito profundo meu é de que nós não devemos aprisionar ninguém em nossas dores. E, pra mim, esse é o estado de 90% dos relacionamentos onde não é feito um trabalho sério de consciência e eu sempre sonhei com “amar e ser livre”, porém com responsabilidade.

Então, quando eu pedia isso, eu logo buscava fazer meus exercícios de autoinvestigação e marcava minhas terapias em busca de curar essas dores, afinal, eu não queria que ele se privasse, apenas queria que ele ME AMPARASSE em minha dor até que eu pudesse deixá-lo livre definitivamente.

Isso foi um grande passo de autocuidado que eu demorei muito a perceber e, pra mim, um dos maiores e mais difíceis aprendizados ao longo de todas essas experiências.

Nesse ponto também vale dizer que eu considero que meu ciúme não era patológico, como o que eu vivi naquele primeiro relacionamento, onde tinha um estado constante de desconfiança. Era uma coisa esporádica e pontual e, na maior parte do tempo, meu parceiro era completamente livre para se relacionar com as amigas que ele tinha ou pra fazer novas amizades.

Se fosse patológico, estou certa de que precisaria de outra abordagem.

Comecei a ser mais realista. Pude ver que eu era uma companheira que incentivava e apoiava que o parceiro fosse ele mesmo e que fosse livre, que acolhia suas dores, suas dificuldades e sempre segurava a onda quando ele tinha reações emocionais.

Passei a me olhar com olhos mais doces. Já que eu era uma companheira tão dedicada, eu me dava o direito de solicitar esse cuidado.

Mas aí uma nova dor começou a acontecer: a do desamparo.

Algumas vezes esses companheiros entenderam que eu estava tirando a liberdade deles e acabaram sentindo medo de se submeter e virar um “ser dominado pela Danielle”. Daí eles iam lá e faziam justamente o que eu tinha pedido pra não fazer, em nome de sua “liberdade” (pra não chamar de medo da submissão).

Caramba! Essa dor era 10x mais forte do que o desconforto do ciúme.

Se eu digo pra ele que algo está doendo em mim e mesmo assim ele vai lá e faz, é passar totalmente por cima de mim e da minha dor, é não se importar. Eu me sentia um lixo.

E é agora que eu entro na parte que mais me motivou a escrever esse texto, pois vou te contar os maiores insights que tive com tudo isso.

Respira fundo e se concentra pra você ir fundo comigo agora.

O primeiro ponto é que eu comecei a perceber que todas as vezes que senti ciúmes de uma determinada mulher em relação ao meu parceiro, eu tinha uma certa razão.

Uma das pessoas que eu me relacionei, depois que terminamos, ficou com todas as pessoas das quais eu senti ciúmes.

Quando eu percebi isso, entendi que por trás do meu ciúme havia uma FORTE INTUIÇÃO.

E o outro ponto que vi, foi usando a teoria do espelho, que a gente custa a aceitar, mas na hora que a gente testa, a gente vê que ela funciona!

Os homens que eu me relacionava eram um retrato do meu princípio masculino, uma parte que existe dentro de mim e que eu não conseguia enxergar.

Eu olhei para o que o meu parceiro estava fazendo (me desamparando) e busquei quando eu fazia isso comigo mesmo. Eu busquei enxergar ele como sendo eu mesma.

Oras, parece tão óbvio, mas deu trabalho demais pra achar. Quando meu princípio feminino me trazia sua intuição a cerca de uma determinada mulher e eu não me posicionava dentro da relação, colocando os meus limites, eu estava desprezando a mim mesma. Ignorando essa parte que tem o poder fortíssimo de intuir quando uma coisa estava fora dos eixos e deixando o outro me machucar.

Ou seja, minha intuição me avisou, eu não me posicionava e deixava o outro fazer o que quisesse comigo, com a minha criança ferida.

Se fosse com um filho, seria fácil perceber. Nós não deixaríamos um filho sob os cuidados de alguém que a gente sabe que tem tendências violentas.

Isso é desamparar. É fazer vista grossa pra algo que tem todas as chances de acontecer!

Bingo! Essa ficha caiu barulhenta em mim.

Entendi que, as pessoas só fazem com a gente o que a gente permite.

Depois disso, entendi que meu posicionamento estava certo dentro do meu coração, pois isso não representava um tolhimento do outro, mas sim que eu estava honrando o feminino que me habita, dando lugar a esse poder fortíssimo que é a minha intuição e que essa atitude era um amparo da minha criança ferida, onde eu me torno o adulto que me ampara e não mais espera que o outro o faça (e diga-se de passagem, não tem a obrigação de fazer).

Essa parte que ampara é exatamente o meu masculino, que eu nunca pude confiar, pois ele sempre me deixou na mão. Sempre deixou que os homens que me tratavam assim continuassem fazendo isso comigo.

E é por esse masculino interior ter tido essa postura por todo esse tempo que eu atraí masculinos idênticos no externo: que me desamparavam.

Como eu não tinha o meu próprio amparo, eu buscava ser amparada por quem tava fora. E eu nunca conseguia alcançar isso.

Hoje eu sei que a única pessoa capaz de me amparar sou eu mesma. Pois enquanto eu me desamparei, foi isso que atraí pra minha vida.

A mudança sempre tem que ser interna. Mudar o externo não funciona, não é real. Pois o externo é só uma representação do que tem no interno.

Para finalizar, eu entendi que o meu ciúme só existia porque eu não podia confiar no meu masculino. Mas agora que ele tinha entendido que tinha que cuidar de mim e passou a cuidar, a confiança seria uma construção diária.

Quanto mais eu me amparasse nessas situações, quanto mais me posicionasse, certa e confiante de que esse papel é meu e que eu tenho a responsabilidade de fazê-lo, mais eu iria mudar minha vibração interna e a pessoa que estivesse comigo jamais me trataria assim novamente.

Hoje sou casada, mas se eu fosse solteira, eu poderia dizer que eu não atrairia mais homens que ousassem fazer isso comigo, pois saberiam que iriam me perder.

Há outras reverberações sobre esse tema que descobri em mim, como um tremendo medo inconsciente de trair:

Se eu tenho medo de trair, logo eu não confio em mim. E por isso eu atraio homens iguais a mim: que traem. Essa é mais uma vertente da não confiança no masculino e que explica o sentimento de ciúmes.

No meu caso, para não trair, eu bloqueei minha libido e minha sensualidade para não atrair oportunidades de traição, reforçando assim a minha não confiança em mim mesma.

A forma de resolver isso é simples, porém não é fácil: desbloquear a energia sexual e lidar com as oportunidades de traição, dizendo não a elas e me mantendo fiel ao relacionamento. Assim, passo a confiar cada dia mais no masculino que habita em mim.

Um último ponto e não menos importante, foi que vi a competição feminina por poder, utilizando os homens como objeto ou prêmio.

Sempre que fui traída, isso acordou um profundo ódio contra a pessoa que acabou metida no meu relacionamento. Por outro lado, vi que praticamente todas essas mulheres sentiram-se especiais e superiores a mim quando conquistaram algo que eu tanto queria: meu homem.

Olhei para esse jogo de poder, o reconheci em mim e venho fazendo um trabalho na cura desse aspecto.

Foi assim que encontrei a guerra entre os sexos dentro de mim, masculino x feminino. Só então pude perceber que todos esses relacionamentos estavam a serviço de me despertar para uma conciliação entre esses dois princípios que nunca estiveram fora, mas sim dentro.

É tudo um jogo do amor, me dando experiências para que eu possa voltar pra casa, o meu EU Real, onde tudo é amor.

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