Durante toda a minha vida eu me moldei para ser tudo, menos o que eu era de verdade.
Eu fiz de tudo para não ser rejeitada. Busquei com muita garra ser aceita e amada por todos.
Não funcionou. Fui cada vez mais rejeitada e isso doeu muito em mim.
Ainda bem que mudei de estratégia. E descobri que eu mesma tinha que me aceitar e me acolher e, assim, deixar de esperar que os outros o façam.
Eles, os outros, também são crianças feridas e na maioria das vezes também falta neles o que tanto quis receber.
Lembro-me de um dia em que minha terapeuta me ajudou a ver o quanto eu vivia insatisfeita.
Os ex-namorados que o digam. Eu estava sempre reclamando, tentando moldá-los ao que eu acreditava ser melhor.
Mas a vida é sábia e, vira e mexe, o mundo gira e, se prestarmos bastante atenção, trocamos os papéis para experimentar os dois lados de uma mesma moeda.
Recentemente eu vivi um episódio muito interessante acerca desse tema.
Estava eu, vivendo minha vida feliz e satisfeita, quando algumas pessoas me abordaram (uma de cada vez) para me dizer que meu comportamento não estava adequado.
Me coloquei em observação e pude concluir que tal comportamento não afetava a ninguém, nem eu mesma.
Em primeiro momento, me senti invadida. Logo depois, inadequada. Veio um súbito desejo de me submeter ao molde, afinal, eu sei muito bem como fazer isso.
Mas logo em seguida ouvi uma voz lá no fundo que me dizia: ei, não tem nada de errado com você não. Você pode ser você mesma!
Uau! Aquilo era muito novo pra mim. Pela primeira vez eu pude enxergar essa situação de uma forma diferente de como minha criança enxergou.
Pude ver que os insatisfeitos estavam presos a moldes também. Mas eles não me serviam mais.
É claro que me responsabilizei por estar vivendo isso, eu sabia que tinha um porquê. A dor da inadequação ainda existia em mim.
Peguei minha criança, a coloquei no colo e disse: se você não está encaixada aqui, é porque esse lugar não é pra você. E a retirei de lá.
A acolhi e disse o quanto a amo e o quanto ela é livre para ser o que é. Hoje tô aqui contando essa história.
Fez algum sentido pra você?